Nudez na tarde..
Ontem á tarde,
fechei portas, cerrei entradas, e sem alarde, peguei vias mortas desci estradas, tomei escadas, rumo ao porão... Buscava um vulto, leve animação que denunciasse um verso oculto, nota,breve canção... Algo, que num passe, desnudasse a alma da tarde,e a revelasse.. Mas,a tarde fria Era estranha e calma, e se recolheu levando a poesia. Foram a lugares profundos, meandros tão escuros, que lá não pude chegar. Retomei o caminho do mundo, Então,dei passos obscuros. Hoje não é dia de cantar! Que o silêncio desça, e toda me envolva. Que meu cantar emudeça, até que a tarde mo devolva. Enquanto isso, trabalho as flores, cultivo hortas, amo, reparto carinhos... Sem compromissos, sem versos, sem rimas, estertores. Mas... deixo abertas,comportas, janelas e portas, aberto o coração. Quem sabe, a poesia, não brote do chão, no corpo da vida? Regada, a suor e sangue, talvez num piscar, no orvalho do pranto, ela retire o véu e... se deixe encontrar!
Teca
Enviado por Teca em 15/04/2006
Alterado em 15/04/2006 |