Plumas ao vento...
Através da janela
entre as grades ,o tédio da manhã....
Insensivel como a previsão da hora
arrasta -se a pasmaceira que o ser me aprisiona..
De repente um rufar de asas
agita a cancela!
Um pássaro em minha janela
Abala as estruturas ferreas
em que o dia me encerra....
Por eternos segundos
esta visão foi tudo...
e o mundo parou, extático mudo...
Nos quedamos assim na muda contemplação!
O pássaro lendo-me a alma
Ai ai ...estes sufocantes segredos
esvaindo se pelos dedos
pelos dedos meus....
até que restou apenas
as leves asas e esta graça...
Despertei enfim ao bater das asas...
Como veio foi embora
mas deixou-me nova aurora
na magia de uma pena no ar...
Nova janela, meu olhar
aberto ao infinito...
A estranha aurora de aventuras incertas
vagos horizontes...
E uma bela certeza:
A efemeridade de asas
sustenta a liberdade!
e do ser a leveza
se estrutura na coragem
de nada ter
a não ser
o vôo perigoso nas aragens da incerteza...
glória incerta
de se viver do momento
a fugaz beleza...